Deftones lança private music e reafirma identidade com som pesado e atmosférico

O Deftones lançou seu novo álbum, private music, mantendo a fórmula que consagrou a banda ao longo de três décadas: o contraste entre o peso instrumental e a voz quase sussurrante do vocalista Chino Moreno. O disco chega 30 anos após a estreia com Adrenaline (1995) e marca o reencontro do grupo com o produtor Nick Raskulinecz, responsável por Koi No Yokan (2012).

A faixa de abertura, “my mind is a mountain”, também primeiro single do trabalho, dá o tom do que está por vir: riffs intensos do guitarrista Stephen Carpenter, bateria marcante de Abe Cunningham e a atmosfera etérea criada pelo baixo de Fred Sablan e os elementos eletrônicos de Frank Delgado. A sonoridade reforça a capacidade da banda de equilibrar simplicidade e complexidade dentro de um mesmo projeto.

Moreno, mais uma vez, é o fio condutor do disco. Suas letras exploram aflições universais, indo da contemplação existencial em “ecdysis” ao tom juvenil de “i think about you all the time”. Mesmo aos 50 anos, o vocalista continua a traduzir sentimentos que atravessam gerações, unindo diferentes públicos em torno da música do grupo.

O trabalho mantém a fusão que distingue o Deftones: a força do metal entrelaçada à atmosfera onírica do shoegaze. Essa combinação, que já se tornou marca registrada, ganhou novo fôlego ao dialogar com a geração Z — um público que descobriu a banda durante a pandemia, quando ela viralizou em meio às redes sociais e plataformas de streaming.

Sem buscar rupturas drásticas, private music reafirma a essência do Deftones. O álbum transita entre fluidez, angústia, dor, raiva e esperança, demonstrando que, para a banda, não é necessário reinventar a roda: basta aperfeiçoar aquilo que sabe fazer de melhor.